sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Pétala por pétala,como brincadeira de infância. Um pseudo-romantismo que nos acompanha ,mesmo a vida dizendo que não. Assim foi descartando ao chão, página por página das tantas cartas guardadas e nunca remetidas. Há quanto tempo as guardava? Já havia perdido os anos, o tempo, as lembranças reais e as cartas permaneciam ali.
Mas sempre há um tempo para tudo.Hoje resolvera esvaziar a alma.Como se pudera, mas mesmo assim a intenção ajudava a suportar o vazio.
No final de uma das cartas ,uma frase de Oscar Wilde:" O segredo da vida está na arte."
A vida, assim ,realmente perde todo o sentido,não há caminhos ,apenas o agora. Será tudo isto ,o que há por vir? Toda esta imensidão de abismos?
Não pode aceitar e ao mesmo tempo conforma-se de uma maneira que ela mesma se assombra vez por outra quando um feixe de lucidez a invade. Mas nada permanece,nem mesmo a lucidez.Tudo retorna a seu lugar , a sua ordem cíclica, ao seu escuro.
Volta para suas lembranças,não as quer resgatar ,apenas preencher um pouco o vazio que a vida foi cavando dia após dia, devagarinho como se esculpisse a dor.
Vazios não se preenchem se não seguramos as rédeas da própria vida com as nossas mãos. É pura ilusão, não pertencermos e acharmos que um outro alguém possa preencher nossos abismos e inquietações. Somos os autores,os protagonistas os sabotadores. Precisamos assumir, rasgar as cartas e as pétalas e encarar a vida.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário