domingo, 17 de fevereiro de 2013



                                               Para não dizer adeus


Com a ponta dos dedos massageia os pés.Devagar,a suavidade é precaução,a dor é tanta que teme a si mesma.
Nem lembra a última vez que necessitou aliviar a dor .Há muito a dor era tão constante que já sentia-se anestesiada.Hoje a sentira novamente.Estava viva.
Atira-se na cama,após longos minutos de massagem.O ventilador não era suficiente.Olha  o quarto ao redor ,sorri,nada disto importa,o conforto vinha de dentro,vinha da dor.Sentir-se viva novamente era bem mais que um quarto de hotel cinco estrelas com climatização e serviço de quarto. Rola na cama,de um lado para o outro,como que buscando encontar no emaaranhado de lembranças ,uma! A mais perfeita para o momento,a palavra que a memória nunca apagou,o toque que a pele sentiu a vida inteira.O olhar,a busca,a inspiração,a loucura para continuar.
Aos poucos todas as imagens voltam aos seus lugares e tudo reinicia.A mente é rápida ,a fuga é vital.A vida não espera.Tem sede de vida.E sabe que não conseguirá mais fugir de sua fuga. Sente a música sem ouví-la "hay cosas que te ayudan a vivir".
Foi assim a vida inteira,ou quase.Desde aquele inverno...
Abre os olhos,as pernas agora é que estão doloridas.Nem sentiu adormecer.As pernas dobradas para fora da cama formigavam.Levanta-se ,abre a janela.Deixa o sol invadir o quarto e tocar sua pele.As ruas estreitas,tão sonhadas,estavam ali, a sua frente ,a sua espera.
Nunca haviam combinado esta viagem juntos,mas sabia que era tambem seu sonho.Conhecia-o quase mais que a si mesma.
Toma uma ducha e sai ao seu encontro.Quer encontar-se nesse lugar.
-Perdonáme señorita.
Ela sorri agradecendo o senhorita com os olhos e dá espaço na estreita calçada para aquele homem e seus filhos.
No café,escolhe a mesa perto à janela.
-Lo de siempre señora.
-Sorri novamente como que concordando. Com certeza a confundiu.
 - Su esposo no viene esta mañana?
Antes que possa responder,alguém chama a garçonete.
Olha confusa para a porta.Vê que a garçonete não estava a confundindo.Ela que não acreditara mais em sua loucura,em sua vida.
Ele abre a porta e sorri.Vai em sua direção. A beija suavemente.Estende a mão.
E como cúmplices de uma vida inteira,caminham lado a lado, as palavras sabem que o silêncio fala mais e ameniza a dor.
Do outro lado alguém os observa:
-Como ela está doutor:
Ainda o espera,todas as manhãs.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013




           

                     
                   
                   
                   


                 
               
                 

                   
                   




               na súbita lembrança
               me encontro
             
               alimento
               minha alma
               nestes longos
               dias de tempos
               fugidios