éramos tanto
e não nos permitimos
eu sei
e tu sabes
que um dia
não haverá mais
desculpas
então
voltaremos
a mesma esquina
na busca
de nós mesmos
há em mim
a eterna sensação
de que esqueci
algo
na vida...
sinto falta
de tua ausência
nenhuma solidão
é tanta
que não possa
ser
companhia
há de haver
paixão
fome
sentido
palavras
línguas
caminhos
loucuras
cumplicidade
poesia
há de haver
haverá
quem diga
pra não lutar
haverá quem
prefira sua bunda
na poltrona
a esperar
haverá ainda
aqueles
que farão tudo
pra desmobilizar
mas ...
existirão
todos os outros
que por poucos ou loucos
são os que darão sentido
ao que virá!
entre o caos
e a poesia
está a luta
que alimenta
meus porquês
e meus sentidos
e eu em desatino
te procuro
pra acalmar
meu coração cansado
enfrentar o caos
e então
olho no olho
sermos
poesia
onde anda
a palavra
que não me seduz
onde anda
o olhar
que na ausência
procuro
onde anda
uma parte de mim
que em ti
se refugia
a palavra
me instiga
me move
me excita
depois
o olho
depois
a boca
úmida
a língua
a falar nas
minhas coxas
seios
a falar pelo
meu corpo
inteiro
um lapso
no tempo
um jeito
de estar
ali
estático
no retrato
meu
e igual
como antes
inerte
e imerso
no teu
tempo
e eu,
no meu
me nego
a encarar
hoje
meu desejo
encontra o teu
deletas
as palavras
os contatos
mas sobram
os arrepios
na pele
a língua...
que vaga
na memória
de nós dois
deletas a mim
e publicas!
ainda sim
resta
o desejo
e nos devoramos
aqui.
vida longa
aos meus
desejos
mais loucos
a minha inquietude
insana
e as tantas
taças
cumplicidade
tonta
torta
pronta
porta
ar e vida
ar e gira
e gira
e gira...
sem mais
nem menos
apenas
o pleno
todas
as escolhas
trazem em si
o suicídio
da busca
quiçá
a que ainda
desejamos
desejo
a alma
em
razões
pulsa
ou...
vivo
à deriva
de mim
não me digas
o que fazer
eu já tenho
tuas palavras
todas
gravadas
teus medos
e desejos
ora me enojam
ora me esqueço
eu apenas
sinto
e faço
hoje
a palavra
silencia
e a dor
é um emaranhado
de lâminas
afiadas
eu sou
eu vou
eu farei
eu serei
mas hoje
só hoje
a dor é um
emaranhado
de lâminas
e a palavra
silencia