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Precisava de vento.Escancaro as janelas para não sufocar,ou para te ver sair,ver se olhas p cima a minha procura ,como fazia sempre,para dar-me um último beijo.
Eu havia insistido tanto que um belo dia ,e eu nem estava na janela,assoviaste e eu corri e você me acenou e mandou-me um beijo. Desde esse dia ,sempre corria até a janela pra o último beijo.
Hoje não houve o último beijo. Nem eu nem você estávamos ali.
Nosso corpo apenas ocupa um espaço mas não nos sentimos. No osso, a lâmina da faca ainda enterrada,faz sangrar a carne. Esta é a sensação que tenho. É a minha dor.
Há muito venho adiando este momento.Você também.Não nos assumimos,é preferível passar a jogada. Transferir a culpa é sempre mais fácil.
Passam alguns minutos ou séculos e eu continuo no mesmo lugar, inerte,sem conseguir movimentar-me.Apenas o pensamento não para .Começo a ficar com dor de cabeça de tanto ouvir sua voz,repetindo tudo novamente: Não é nada com você ,sou eu!!
Odeio você e suas frases prontas.Odeio sua covardia e sua boca!Boca que a pouco me beijava .Língua que me lambia.Odeio também sua língua.
Há muito não queria mais você mas também não queria a mim, e isto sempre me fazia andar em ciírculos e acabava não acabando nada.Continuávamos nos vendo com esta sensação de lâmina enterrada nos ossos.
é certo que aconteciam sorrisos,noites lindas ,de pitzas e vinho tinto,de nós nus em nós.
mas despertávamos,o vinho terminava , a noite também.
E lá voltávamos nós a sermos estrangeiros em cada um .
Hoje nem lembro quem teve a coragem de atirar a primeira pedra.O outro ,eu ou você, só aproveitou ,não dava mais para desperdiçar o momento.Tinha que ser agora.Mesmo que depois ,sangrasse mais que pudéssemos imaginar. A culpa não seria minha ou sua ,seria do outro.
O telefone toca.Meu coração dispara.Você arrependido de tudo que disse.Sorrio.Também não tinha tanta certeza assim.Podemos tentar mais uma vez. Melhor não.Deixo tocar.
Foram tantas cenas iguais a esta que ensaiamos neste anos todos,que agora que é real ,acabo duvidando de sua veracidade.
Amanhã nem comentarei com ninguém, afinal há poucos meses chorei virtualmente o fim de nosso relacionamento com algumas amigas,duas delas nem sabem que reatamos e agora novamente terminamos.Só que agora sabemos que é sem volta,porque uma hora teria que ser.Escolho que seja agora.Talvez este ritual de final de ano,ajude-nos.Ano novo vida nova ,aquele famoso clichê. Quem sabe.
Aos poucos o ar começa a entrar em meus pulmões.O coração bate menos agitado.Fecho as janelas. Apago as luzes.Tateio minha cama.Desmorono em mim.
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